sábado, 12 de julho de 2008

Ruas de São Cristovão

General Gurjão: General Hilário Gurjão, paraense, sacrificado na Batalha de Itororó em 1869.

Escobar de Araújo: Cônego que mudou-se para a igrejinha em 1865 como vigário vindo de N. Sª da Conceição, da rua São Januário.

Padre Sève: Sucedâneo de Escobar na Igreja do bairro.

Bela de São João: Antiga rua dos quartéis da Quinta

General Bruce (antiga Aurora): João Guilherme Bruce, atuação destacada na Guerra do Paraguai.

Esberard :F. M. Esberard, capitalista que ergueu a primeira fábrica de vidros

Conde de Leopoldina: Chamada Pau-Ferro por duas vezes, quando da sua abertura e logo após a República.

Senador Alencar: Antiga Maruí, morava nela Pedro Ivo, líder da Revolução Praieira, em Pernambuco.

Teixeira Júnior: Antiga Visconde de Cruzeiro, nela funcionava a escola do Sagrado Coração de Maria, para meninas, fundada em 1877 e hoje no Méier e, ainda, o Pio-Americano, surgido em 1897 na Rua São Cristóvão.

Prefeito Olímpio de Melo: Antiga Alegria. Presidiu a Câmara Municipal e governou a Cidade após Pedro Ernesto.

Pedro II: Antiga rua do Imperador, quando ali foi construído o Palácio da Marquesa de Santos, passou a Pedro II em 1840. Foi rebatizada com o advento da República para Avenida Pedro Ivo (herói da Revolução Praieira) mas retornou a Pedro II para que se situasse nas tradições do bairro.

São Cristóvão: Nascia na praia e morria numa curva bem acentuada na esquina da Estácio de Sá com Haddock Lobo. Foi dividida em dois quando da transformação do Lago do Matadouro na atual Praça da Bandeira, transformando-se naquele trecho até a Estácio em Joaquim Palhares.
No que ainda existe, residiram ilustres personalidades tais como os Viscondes do Rio Branco, de Tocantins, de Sepetiba e, ainda, o Marquês de Itanhanhém, tutor de Pedro II e Senador.
Lugar do primeiro restaurante do Governo para operários, também é interessante lembrar que nela foi que nossas primeiras feiras livres dos tempos modernos se inauguraram, em 1918, ao fim do governo Wenceslau Brás, estimuladas pelos transtornos e pela crise econômica causados pela I Guerra.

Figueira de Melo: Coronel Comandante do 26° Batalhão dos Voluntários da Pátria morto, acidentalmente, por um de seus soldados na Guerra do Paraguai. Era, na época do Brasil-Colônia, caminho que levava às feiras do Campo e, por isso, ainda se chamava depois da independência de Rua da Feira. Ali inaugurou-se no fim da década de 1910 o primeiro cinema do bairro, o Cine São Cristóvão e, na segunda década do século XX, foi construída a sede do São Cristóvão de Futebol e Regatas.

Frolick: Da Figueira de Melo segue em direção ao Morro do Barro Vermelho e é alusiva ao exportador de café e proprietário de casas e terrenos Jorge Guilherme Frolick.

General Almério de Moura: Antiga rua Abílio, aberta na chácara do Conselheiro Martins Viana, médico famoso local, onde o Clube de Regatas Vasco da Gama inaugurou seu estádio em 1927 e Adolfo Aizere instalou a Editora Brasil-América de História em Quadrinhos.

São Januário: Deve-se ao morro de mesmo nome e onde está a matriz de São Januário e Santo Agostinho.

São Luiz Gonzaga: Antiga rua do Pedregulho, onde Machado de Assis foi baleiro e aprendeu suas primeiras lições de francês, quando sua mãe enviuvou e foi morar no bairro. Durante a Guerra de Canudos deixou de ser São Luiz Gonzaga para ser Capitão Salomão Rocha (até 1910).

Praça Argentina: No fim do império chamava-se Visconde do Rio Branco, onde morava Marechal Floriano Peixoto ao deixar o governo, num casarão que foi substituído por uma escola com seu nome.

General Padilha, Emancipação, Tuiuti, Curuzu e outras - alusivas à Guerra do Paraguai.

Ana Néri – Baiana, viúva do Capitão de Fragata Isidoro Néri, foi ao campo de Batalha junto com os Voluntários da Pátria instalando hospitais e cuidando do soldados na Guerra do Paraguai.

Fontes: http://www.sao-cristovao.com/ruas800.htm

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Marechal Floriano

Joaquim: a Larga e a Estreita


Hoje é uma rua só, entre o Campo de Sant’Ana e a Avenida Rio Branco, ou, melhor, uma avenida também na nomenclatura oficial: a Avenida Marechal Floriano Peixoto, mais conhecida popularmente como Rua Larga. Mas antes de Pereira Passos eram duas: a Estreita e a Larga de S. Joaquim. Das duas, a Estreita foi a que primeiro nasceu, na primeira metade do Setecentismo, aberta em terrenos da Chácara da Conceição dos Coqueiros, de Julião de Oliveira. Perto, junto à Vala (ou Uruguaiana), havia um “pelame”, e eis por que lhe deram inicialmente o nome de Rua do Curtume ou Julião. Começava na Vala e morria no Caminho do Valongo, agora Rua do Camerino. Conta-nos Vieira Fazenda, que a freqüentou como estudante, que era das mais sórdidas do Rio oitocentista, e na sua maior parte ocupada por prostíbulos, casas de tavolagem e esconderijos de malandros. Em compensação, era nela que estava a preta Josefa, uma doceira cuja maior freguesia se constituía de alunos do Imperial Colégio D. Pedro II das suas vizinhanças.

Quando ela ainda se chamava do Curtume ou dos Coqueiros, nos meados do século de seu aparecimento, o latifundiário da zona do Valongo, Manuel Campos Dias, construiu na sua desembocadura uma pequena igreja dedicada a S. Joaquim, e que sob D. João VI era tida pelo Padre Perereca como bem elegante e moderna entre as demais da cidade.

As terras que a circundavam formavam, por assim dizer, um bairro rural, a Vilaverde de que tanto falavam os cronistas d’antanho, cheio de olarias e planta­ções e que era por onde transitavam os carros de bois, as carroças e os cavaleiros do comércio entre o centro urbano e o interior próximo — uma gente quase toda ela arruaceira e que a trazia em polvorosa. Para o norte, e até os mangues de São Diogo, estendia-se o vasto Campo de S. Domingos, no qual outros campos ou largos já se estavam formando, como o Rocio, o de S. Francisco e o de Sant’Ana. E nele, rompendo as cercas das chácaras de Manuel Casado Viana e de D. Emerenciana Dantas, foi que uma rua nova surgiu nas décadas finais do século da Inconfidência Mineira, para encontrar-se às portas da Igreja de S. Joaquim com a dos Coqueiros ambas de São Joaquim daí em diante chamadas. E como se caracterizasse a nascente pela sua largura excepcional para a época, três a quatro vezes maior que a do costume, ficou sendo logo a Larga, e a mais velha a Estreita de S. Joaquim, a Estreita da igreja para baixo.

O primeiro a cogitar da conversão das duas numa avenida, que ligasse a Cidade Nova ao mar, através da hoje Rua Visconde de lnhaúma, foi o Barão Félix Taunay, terceiro diretor da Academia de Belas-Artes. Seu projeto, exposto em 1840, morreu no nascedouro, do mesmo jeito que outros, posteriores, de Pereira Passos e Paula Freitas e do Prefeito Francisco Furquim Werneck de Almeida. Prefeito por sua vez, no Governo Rodrigues Alves, então Pereira Passos nela realizou o que tempos antes imaginara, alargando-a entre a igreja e a Rua Uruguaiana e levando-a a juntar-se à Visconde de lnhaúma na Avenida Rio Branco, graças à demolição de becos e travessas da zona de Santa Rita. Simultaneamente foi até ela prolongada a Rua do Sacramento, depois denominada Avenida Passos, e demolida também a Igreja de São Joaquim para que outra a substituísse em S. Cristóvão.

Foi nela, na Larga, que se inaugurou em 1874, no número 104, a primeira Escola Normal do Rio de Janeiro. Era particular, de propriedade e fundação do Senador Manuel Francisco Correia, fundador também da Sociedade Promotora da Instrução. Ele mesmo, no entanto, a fechou no ano seguinte ao ser assinado o decreto que criava a nossa primeira escola normal pública, e isso 11 anos depois de ter o Barão da Estrela fundado nela, em 1863, com um grupo de amigos, a Caixa de Socorros D. Pedro V neto de D. Pedro I e filho da Rainha D. Maria II, a Brasileira, mãe também de outro rei famoso dos portugueses, D. Luís, o abolicionista, o progressista.

Mas o que nela existe de fundamental é o Colégio Pedro II, é o Itamarati e é a Light, o que de há muito vem dela fazendo, por excelência, o centro do ensino secundário e da energia elétrica do Rio de Janeiro e da diplomacia brasileira.

Na verdade o colégio nasceu longe dela, e antes de 1750, na sacristia da Igreja de S. Pedro dos Clérigos, na demolida Rua de São Pedro, como aqui já foi dito antes, nas páginas a ela referentes.

Abrigo de órfãos, transformou-se numa casa de ensino ao vir para a Igreja de S. Joaquim, e já agora com alunos que também pagassem mensalidades. Por causa da túnica de linho branco que usavam, o povo os chamava de carneiros. Estudavam, de preferência, latim e cantochão. E cantavam nas missas solenes das outras igrejas e nos enterros pomposos. Chegado D. João VI, requisitaram-no para alojamento da tropa. Desfez-se, pois, o colégio com a remoção dos de mais vocação religiosa para o Seminário de S. José, na Ajuda. Mas em 1821 D. Pedro o restabeleceu, com o nome de S. Joaquim. Em 1831, sob a primeira Regência, passou para a Câmara MunicipaI, já decadente, para ser em 1837 reorganizado completamente como o primeiro de ensino secundário do país, sob o nome de D. Pedro II ainda menino, e por iniciativa, principalmente, de Bernardo de Vasconcelos. Adaptou-o para esse fim o arquiteto Grandjean de Montigny. Seu primeiro reitor foi o erudito Frei Antônio de Arrábida, Bispo de Anemuria, bibliotecário do Convento de Santo Antônio.

Entre as mais belas residências particulares construídas no Rio nos meados do século XIX pelos primeiros novos-ricos e novos-nobres do café plantado no Vale do Paraíba, destacava-se o palacete da Rua Larga, do Conselheiro Francisco José da Rocha, nascido em Portugal, filho do decano do Corpo do Comércio e segundo Barão de Itamarati, com chácara imensa também no Maracanã.

Assim que a República foi proclamada, nele se instalou o Governo Provisório, que o adquiriu por 630 contos da Baronesa viúva. Morador no Campo de Sant’Ana, quase na esquina de Visconde de Itaúna, Deodoro a ele chegava todas as manhãs, para os seus despachos. Em 1891, já em desacordo com a maioria dos seus companheiros de 89, o velho Marechal rompeu com eles e dissolveu a Constituinte, no primeiro golpe de Estado havido no Brasil após o de 1823 de Pedro I. Seu gesto foi mal visto pela Esquadra e outras forças também, civis ou militares, e daí sua renúncia. E então Floriano, que vivia em casa alugada na Rua Santa Alexandrina, dela desceu para ocupar o poder na mais grave das crises já suportadas pelo regime republicano. Por isso mesmo resolveu ele residir no próprio Itamarati, ou melhor, numa casa menor que ao seu lado havia e a ele agregada. Nela ficaria depois Prudente de Morais, nas mesmas e modestas acomodações. Em 1897 a Presidência mudou-se para o Catete, e o palácio da Rua Larga foi cedido ao Ministério do Exterior, que estava na Glória, onde depois se ergueria o Palácio Arquiepiscopal. Na gestão de Rio Branco passou ele pela sua primeira grande reforma, a cargo do escultor e arquiteto Beltzi, o do monumento do Ipiranga, em São Paulo. Nos seus fundos, foi construído, nessa ocasião, um edifício novo, do lado de quem vai da Light para a Central. Rio Branco tinha nele, na parte velha, seus aposentos, nos quais morreu em 1912. No Governo Washington Luís, o Ministro Otávio Mangabeira o ampliou, decorando-o mais luxuosamente ainda e dotando-o de um belo jardim.

Pegados ao Itamarati funcionaram, além do gabinete do Ministro da Guerra e outras repartições militares, o Conselho Superior de Guerra e Justiça, que depois se transformou no Superior Tribunal Militar e, por último, o Serviço Geográfico antes de ir para o Morro da Conceição.

Na calçada fronteira, e mais para o lado da Avenida Passos, a Sociedade Beneficente Portuguesa D. Pedro V, o neto de D. Pedro I, fundada em 1863, construiu sua sede própria ainda na segunda metade do século XIX — e nesse tempo era ela uma rua tão diferente da de hoje que, além do palácio residencial do Barão de Itamarati, possuía grandes casas como a do General João Calado, com jardim na frente, e repuxos, onde hoje é o magazine “A Triunfante

A Light and Power nela se instalou em 1911, num edifício monumental, no mesmo lugar onde havia estado antes a primitiva Companhia Carris Urbanos de bondes puxados a burro. Pelo contrato assinado em 1907 entre seu organizador, Sir Alexandre Mackenzie, e o Prefeito, General Sousa Aguiar, a ela, que absorvera a Societé Anonyme du Gaz, caberia unificar e eletrificar todas as linhas de bondes do Rio (exceto, no começo, as do Jardim Botânico) e dotar a cidade de energia elétrica e luz abundantes, para o que já se estava construindo a usina de São João Marcos, ou Ribeirão das Lajes, a que se juntariam outras maiores. Era, para os cariocas, o começo de uma vida nova, de progresso mais rápido, com bondes elétricos formando subúrbios e bairros novos, o povo gozando de mais conforto e a indústria multiplicando-se por toda a parte.

E eis por que, ao falecer o fundador da grande empresa então ainda canadense, o seu nome (o nome de Alexandre Mackenzie) seria dado a uma rua próxima, a Rua do Costa, aberta no Setecentismo entre a Larga e o pé do Morro do Livra­mento, na chácara do homem rico Costa Barros. No começo deste século ela se havia chamado, sem êxito, General Gomes Carneiro. E é a mesma Rua do Costa de que nos fala Machado de Assis no seu conto de escola, inspirado numa escola que nela existiu e que foi, sem dúvida, a primeira das que ele freqüentou na infância menino pobre que era das redondezas... E onde em 1870 Álvaro Borgerth, o introdutor da patinação no Rio, abriria o seu Rink de sociedade com Alfredo Reis e Duarte Fiuza. E onde também Coelho Neto vivera seu tempo de criança.

Fonte: http://www.cp2centro.net/historia/larga/larga.asp?

domingo, 29 de junho de 2008

Jacarepaguá

A região cortada pela Rua Cândido Benício chamava-se nos séculos passados e até início do século XX de Vale do Marangá. Essa várzea é formada a leste pelos morros da Bica, Inácio Dias e da Reunião. A oeste pelo Morro do Valqueire, pertencente à Serra do Engenho Velho: e, ainda, com isoladas elevações conhecidas como Morro da Chacrinha (na Estrada Comandante Luís Souto), Morro Santa Rosa (situado entre as ruas Cândido Benício e Francisco) e Morro do Silveira (na Rua Quiririm). No século XIX, o Morro da Bica (hoje, Fubá) tinha o nome de Marangá.

A palavra marangá vem do tupi-guarani e significa campo de batalha ou lugar de combate. A origem desse topônimo remonta os tempos do Brasil colonial. É possível que alguma das batalhas entre portugueses e índios, estes fugindo do litoral para o sertão, ocorreu na região da Praça Seca. Outra hipótese é sobre a expedição de 1710 do francês Jean François Duclerc, que desembarcou em Guaratiba e fez penosa marcha pelo caminho de Jacarepaguá, onde teve muitas perdas em combates, antes da derrota final na entrada da cidade do Rio de Janeiro. Historiadores afirmam que ele passou pelo local da atual Estrada Grajaú-Jacarepaguá, pois lá foram encontrados, durante sua construção, canhões franceses daquele período. Porém, o francês tinha cerca de mil homens e um guia preto conhecedor profundo de Jacarepaguá. Assim, é viável que Duclerc enviasse outra frente pela atual Rua Cândido Benício, e ali acontecesse lutas de resistência. Talvez, uma das duas hipóteses seja a causa da origem do topônimo Vale do Marangá. (1)

A colonização das terras de Jacarepaguá começou no final do século do descobrimento do Brasil. Após a fundação da cidade do Rio de Janeiro em 1565 por Estácio de Sá, sobrinho do Governador Mem de Sá, e a expulsão definitiva do Francês Villegagnon, outro sobrinho de Mem de Sá governou o Rio de Janeiro: Salvador Correia de Sá. Filho de Felipa de Sá, irmã de Mem de Sá, e de Gonçalo Correia de Sá, ele exerceu o cargo de governador em dois períodos: de 1567 a 1572 e de 1578 a 1598. Quase no final do seu último governo, em setembro de 1594, concedeu aos filhos Martim e Gonçalo duas sesmarias em Jacarepaguá. A sesmaria do Gonçalo Correia de Sá compreendia as terras desde a Barra da Tijuca, passando pela Freguesia e Taquara, até o Campinho. A sesmaria do Martim Correia de Sá era do Camorim até o Recreio dos Bandeirantes, incluindo a grande faixa litorânea. O Gonçalo ocupou sua sesmaria no ano da concessão, fundando engenhos de açúcar. O Martim, ao contrário, dedicou-se a política, inclusive, foi governador do Rio de Janeiro nos períodos de 1602 a 1608 e 1629 a 1632. Por isso, deixou praticamente abandonada a sesmaria de Jacarepaguá. Esses fatos são os responsáveis pela transformação rápida das terras do Gonçalo em complexo urbano, enquanto as do irmão Martim até os dias de hoje ainda têm grandes vestígios rurais.

O topônimo Jacarepaguá deriva-se de três palavras do tupi-guarani: yakare (jacaré), upa (lagoa) e guá (baixa) - "a baixa lagoa dos jacarés". Na época do descobrimento e da colonização, as lagoas da Baixada de Jacarepaguá eram repletas de jacarés, daí o nome. Quando Gonçalo Correia de Sá fundou os primeiros engenhos na atual Freguesia, começou a surgir habitações nas imediações, principalmente onde hoje é a Porta D'Água (Largo da Freguesia). Esse povoado recebeu o nome de Jacarepaguá, em virtude da proximidade das lagoas. Ao passar dos anos, as terras vizinhas também foram chamadas pelo mesmo nome. Nas primeiras décadas do século XVII, a Porta D'Água possuía razoável densidade populacional. Na época, Gonçalo Correia de Sá desmembrou parte da sua sesmaria em foros, surgindo, assim, grandes propriedades. Numa delas, na fazenda do Padre Manuel de Araújo, ergueu-se, também no século XVII, no alto de um penhasco, a Igreja Nossa Senhora da Pena. Com o desenvolvimento do lugar, foi criada, em 6 de março de 1661, a freguesia de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá. Essa freguesia foi a quarta do Rio de Janeiro. A primeira foi a freguesia de São Sebastião, instituída no dia 20 de janeiro de 1569, quatro anos após a fundação da cidade. A segunda, em 1634, foi a da Candelária. E a terceira foi a freguesia de Irajá em 1644. A matriz da freguesia de Nossa Senhora do Loreto foi construída em 1664 pelo Padre Manuel de Araújo.

As terras de Jacarepaguá eram ligadas com a freguesia de São Sebastião (atual Centro da Cidade) pelo caminho da Fazenda de Santa Cruz (propriedade dos jesuítas). No século XVIII, a fazenda passou a pertencer à Coroa Portuguesa, quando era governador do Rio de Janeiro Gomes Freire de Andrada, o Conde de Bobadela. Então, o caminho recebeu o nome de Estrada Real de Santa Cruz, cuja denominação durou até 1917, no governo do Prefeito Amaro Cavalcânti, quando seu longo trecho mudou para outras designações, muitas existentes nos dias de hoje: Rua São Luís Gonzaga, Avenida Suburbana (2) , Rua Coronel Rangel (em 1950, mudou para Avenida Ernâni Cardoso), Estrada Intendente Magalhães (em 1962, cedeu parte para a atual Avenida Marechal Fontenele), Avenida Santa Cruz e Avenida Cesário de Melo (nome dado em 1930 a antigo trecho da Avenida Santa Cruz). A Estrada Intendente Magalhães, inclusive, foi trecho inicial da antiga Estrada Rio São Paulo de 1928 a 1950.

Na altura da antiga Fazenda do Campinho, de propriedade de Dona Rosa Maria dos Santos no século XIX, existia um entrocamento, que deu origem ao Largo do Campinho nos tempos coloniais. Esse cruzamento ligava a Estrada Real de Santa Cruz a duas regiões distintas: com a freguesia de Irajá ao norte e com a freguesia de Nossa Senhora do Loreto ao sul, pela antiga Estrada de Jacarepaguá (atual Rua Cândido Benício). Após o Tanque, o viajante seguia pela Estrada da Freguesia (hoje Avenida Geremário Dantas). A Estrada de Jacarepaguá atravessava todo o Vale do Marangá, que por isso também acabou fazendo parte de Jacarepaguá. O vale era passagem obrigatória dos tropeiros e carruagens, que se dirigiam da freguesia do Loreto para Irajá ou para a cidade. O Largo do Campinho estava na rota dos que vinha de São Paulo e Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro. Lá existia famosa estalagem, onde hoje é a garagem e posto de gasolina Rio- São Paulo. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pernoitou diversas vezes nessa hospedaria. Inclusive, no dia 9 de maio de 1789, dormiu lá pela última vez, quando se dirigia da Vila Rica (hoje, Rio Preto) para o Rio de Janeiro. No dia seguinte foi preso na Rua dos Latoeiros (atual Rua Gonçalves Dias) e nunca mais retornou pela sua tão conhecida Estrada Real de Santa Cruz. Só saiu da prisão para o enforcamento no dia 21 de abril de 1792.

As duas sesmarias de Jacarepaguá passaram a ter um único proprietário ainda no século XVII. Após a morte de Gonçalo Correia de Sá, a sua mulher e filha, respectivamente, Dona Esperança e Dona Vitória, venderam as terras do esposo e pai, em 1634, para o General Salvador Correia de Sá e Benevides, filho de Martim Correia de Sá e sobrinho de Gonçalo. O general também herdou a outra sesmaria, com o falecimento do pai em 1636. Assim, ele ficou dono absoluto de toda a região, inclusive o Vale do Marangá. O General Salvador Correia de Sá e Benevides, depois da compra da parte do seu tio Gonçalo, passou a morar na casa-grande do Engenho D'Água, que ficou sendo a sede de todas as propriedades. Naquele tempo, Jacarepaguá já estava bastante dividido em foros. Na segunda metade do século XVII, ele fundou, no Vale do Marangá, a Fazenda do Engenho de Fora, situada na antiga Estrada de Jacarepaguá. O engenho de Fora estendia-se pelo lado esquerdo da estrada, do Campinho ao Tanque, incluindo as áreas dos atuais morros da Bica (Fubá), Inácio Dias e Reunião. A sede ficava numa colina atrás do atual IPASE, no Mato Alto. Junto dela, edificada no século XVII, também existia a capela de Nossa Senhora da Conceição. No século XIX, essas construções desapareceram. No mesmo lugar, em 1894, foi construída a Vila Albano por Albano Raimundo da Fonseca Marques, que ainda exista e pode ser vista da Rua Cândido Benício.

O General Salvador Correia de Sá e Benevides faleceu em Lisboa aos 94 anos de idade, em janeiro de 1688, trinta anos depois de ter sido governador geral do sul do Brasil. Deixou as terras de Jacarepaguá para o filho Martim Correia de Sá e Benevides, que foi o primeiro Visconde de Asseca e alcaide-mor do Rio de Janeiro. Mais tarde, no século XVIII, o quarto Visconde de Asseca, também com nome de Martim Correia de Sá e Benevides e neto do General Sá e Benevides, herdou as propriedades. O quarto Visconde de Asseca, nascido em Jacarepaguá em 1698 e falecido em 1777, foi o responsável pelos primeiros vestígios de povoamento da região da atual Praça Seca. Nos meados do século XVIII, foi aberto um caminho secundário para ligar a Estrada Real de Santa Cruz com a Estrada de Jacarepaguá, a fim de diminuir o percurso entre o Engenho de Fora e as terras dos Magalhães, que margeavam as Estrada de Santa Cruz, do Campinho até Realengo. O último dono dessa fazenda foi o Tenente-Coronel Carlos José de Azevedo Magalhães. Em sua homenagem o logradouro recebeu em 1917 o nome de Estrada Intendente Magalhães. Ele foi o candidato mais votado para a Intendência Municipal (atual Câmara dos Vereadores) no ano de 1899.

No ponto da bifurcação do novo caminho com a Estrada de Jacarepaguá surgiu um largo, que recebeu o nome de Largo do Asseca, em homenagem ao dono das terras da região, o quarto Visconde de Asseca. Por metaplasmo popular houve a supressão das duas primeiras letras, e o lugar ficou conhecido como Seca, inclusive também por ter a primeira camada do solo constituída de areia. Mesmo depois de ampliada, a localidade sempre foi chamada de Praça Seca. O caminho que deu origem ao local foi designado, mais tarde, de Estrada do Macaco, em virtude de limitar parte da fazenda do mesmo nome. A Estrada do Macaco pode ser reconhecida hoje em dia pelo seu antigo trajeto: Rua Quiririm, desde a esquina da Estrada Intendente Magalhães até a Rua Luís Beltrão. A partir dessa rua até a Praça Seca. Com a morte do quarto Visconde de Asseca em 1777, as terras do Vale do Marangá (fazendas do Engenho de Fora e do Macaco) passaram a pertencer à família Teles Barreto de Menezes, ancestrais do Barão da Taquara.

Antes de comprar o Engenho de Fora e outras terras em Jacarepaguá, a família Teles Barreto de Menezes era proprietária da Fazenda da Taquara. No século XVII, o dono era Francisco Teles Barreto de Menezes, juiz de órfãos e casado com Dona Inez de Andrade Souto Maior.

Mestre Valentim

Filho de um fidalgote português contratador de diamantes e de uma crioula natural do Brasil, o mulato Valentim da Fonseca e Silva, comumente conhecido como Mestre Valentim, destaca-se como um dos artistas mais originais em atuação no Rio de Janeiro entre o último quartel do século XVIII e o início do XIX. Seu estilo "híbrido", no qual concilia formas barrocas e rococós com certo sentido de contenção e sobriedade neoclássicas, sinaliza os processos de aculturação ocorridos nessa cidade desde sua proclamação a capital do vice-reino. Entre os principais nomes da arte colonial brasileira, como Aleijadinho (1730 - 1814) e Manoel da Costa Athaide (1762 - 1830), diferencia-se por ser o único a desenvolver, paralelamente aos trabalhos em igrejas, obras no campo da arte civil.

Em 1748 Valentim é levado a Portugal por seu pai, onde permanece até os 25 anos, retornando ao Brasil por volta de 1770. Naquele país aprende o ofício de escultor e entalhador. Não se sabe ao certo quais são seus mestres. Mas é preciso lembrar que durante o período de formação em Portugal o jovem presencia o desenvolvimento do estilo pombalino. Para o plano de reconstrução de Lisboa, após seu incêndio em 1755, o Marquês de Pombal, então ministro das Finanças de Dom José, privilegia partido arquitetônico e decorativo mais sóbrio, excluindo a dispendiosa talha dourada. O modelo seguido é a arte italiana, que, em fusão com tradições da arquitetura portuguesa, dá origem às igrejas pombalinas. O ideário iluminista despótico de Pombal logo chega à capital do Brasil pelo governo do vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1740 - 1807). Mas se em Portugal o gosto italiano toma a dianteira, no Rio de Janeiro as igrejas com fachadas pombalinas (como é o caso da Ordem Terceira do Carmo e de São Francisco de Paula) não abandonam a talha dourada da tradição luso-brasileira, abrindo caminho para o desenvolvimento de uma versão regional de grande delicadeza e requinte do estilo rococó, principalmente pelas mãos de Mestre Valentim.

O nome do artista aparece pela primeira vez como entalhador na obra de decoração da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em 1772, como discípulo de Luís da Fonseca Rosa. Apesar dos acréscimos ornamentais ecléticos do século XIX, ainda são identificáveis características do estilo de Mestre Valentim. A talha dourada sobre fundo claro do retábulo-mor é amplamente decorada com motivos rococós como guirlandas, buquês de flores, festões de folhas, laços, cabecinhas de querubins, que permitem uma sensação óptica de movimento da superfície. Os anjos-meninos caracterizam-se, entre outras coisas, pelo rosto arredondado, feições levemente amulatadas, bochechas e olheiras marcadas, lábios com contornos definidos, pescoço grosso e curto, olhos saltados e caídos, cabelos abundantes e fios marcados, sinalizando o estilo de querubins de Valentim. Destaca-se no conjunto a inclusão de colunas salomônicas típicas do barroco joanino no lugar de colunas retas de acordo com um gosto rococó mais classicizante.

No entanto, é na Capela do Noviciado da Ordem, cuja decoração é executada entre 1773 e 1780, que Valentim apresenta todos os elementos de seu estilo. Trata-se de um salão de planta retangular e teto abobadado revestido de talha dourada sobre fundo branco, formando uma unidade decorativa ímpar. O retábulo é constituído de banqueta-altar em forma de sarcófago, tendo ao fundo colunas retorcidas, num jogo de saliências que prepara o olhar para a visão da Nossa Senhora do Amor Divino. A decoração é repleta de rocalhas, guirlandas, festões florais, cabecinhas de anjos, que se repetem por todo o espaço e nas molduras preciosamente "bordadas" nos mesmos motivos. A composição da talha segue um sentido de simetria típico da Escola de Lisboa, mas, em geral, apresenta soluções de caráter mais intimista do que monumental. Isso revela certo gosto cortesão presente na talha religiosa carioca na segunda metade do século XVIII, embora tranqüilamente aliado a elementos grandiosos do barroco joanino. Em sua última obra, a talha para a Capela do Noviciado da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Paula (na qual o artista teria trabalhado de 1801 a 1813), repetem-se as soluções de mais de 20 anos anteriores. Contudo, a talha um pouco contida, simplificada e simétrica, inclinando-se a certa compartimentação formal mais classicizante, aponta para a introdução de um espírito neoclássico.

No âmbito da arte civil, o artista realiza tanto obras de embelezamento público quanto de saneamento e abastecimento de água, executando trabalho originalmente de engenheiros militares. Seu principal solicitante é o vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa. De todas as suas obras, a mais marcante, sem dúvida, é o conjunto formado pelo Passeio Público (1783), primeiro jardim de lazer do carioca, e pelo Chafariz das Marrecas (1785, destruído em 1896). Seu projeto reporta-se às idéias iluministas de bem-estar, civilidade, higienização, progresso, que deveriam transformar a capital brasileira numa cidade moderna. Tal projeto simboliza também uma natureza dominada pela razão e ação do homem.

Mestre Valentim realiza tanto o risco em estilo barroco em forma de hexágono irregular cortado por aléias (sendo que a principal em linha reta tem como ponto de fuga a Baía de Guanabara) quanto fontes, elementos decorativos, portão e portal. No conjunto, diversas vertentes artísticas estão presentes, como o barroco, na estrutura dinâmica e cenográfica do jardim e nos elementos escultóricos do portal; o rococó, nas curvas e contracurvas e estilizações florais do portão em ferro fundido2 e nas esculturas em metal de Eco e Narciso (ambas se encontram atualmente no Jardim Botânico do Rio de Janeiro); e o espírito iluminista de catalogação e ordenação da natureza no paisagismo e nas representações naturalistas de animais. Em seu conjunto, a obra representa o início de uma tradição de escultura pública não-religiosa e da urbanização como forma de embelezar a cidade.

Amplamente reconhecido em sua época, Mestre Valentim ocupa na história da arte brasileira lugar de transição, no qual artista e técnico-artesão, passado e futuro, arte religiosa e laica, barroco e rococó, espírito clássico e nativista convivem em harmonia em sua obra.

Fonte:

Rio Comprido

Elevado Paulo de Frontin

O Rio Comprido é um bairro de classe média-baixa e baixa da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.
O seu nome decorre do rio central que o percorre, hoje canalizado e completamente degradado, que deságua na baía da Guanabara.

História
No século XVII neste vale fluvial era plantada a cana-de-açúcar, e o açúcar produzido, escoado por um trapiche em embarcações que o conduziam até à baía e ao porto do Rio de Janeiro.

De acordo com o historiador Noronha Santos, pode-se fixar como marco no desenvolvimento da região correspondente aos atuais bairros da Cidade Nova, do Catumbi e do Rio Comprido, o Alvará-Régio de 26 de Abril de 1811, que concedeu a isenção da décima urbana aos prédios assobradados ou de sobrado, que se construíssem nas novas ruas abertas, desde o princípio do século.

O Rio Comprido era, então, uma área ocupada por chácaras de pessoas abastadas, entre as quais ingleses(a "Chácara dos Ingleses"). Outra propriedade importante era a do bispo Frei Antônio do Desterro, de onde as denominações "Largo do Bispo" (atual Praça Condessa Paulo de Frontin) e Rua do Bispo. Nessa propriedade passaria a funcionar, desde 1891, o Seminário São José, transferido da Rua da Ajuda, no sopé do morro do Castelo.

O principal logradouro do bairro era a Avenida Rio Comprido (atual Av. Paulo de Frontin), com uma extensão de 1.600 metros, aberta em 1919, na gestão do Prefeito Paulo de Frontin à época do governo do presidente Delfim Moreira.

Esse bairro elegante, de moradias (casas) de alto nível, abrigava dois clubes que aumentavam o lazer dos moradores, o "Clube Desportivo do Rio de Janeiro" (Clube Alemão), com seu campo de "futebol society", gramado, maravilhoso (guardado pelo velho Pocidônio), suas pistas de boliche e o ginásio para ginástica olímpica, e o "Clube Ibéria" (apesar de pequeno teve participação importante) já extinto. Outro ponto de entretenimento era o "Campinho do Raul", na parte alta da Rua Sta. Alexandrina, onde eram realizadas as "peladas" da Velha Guarda. Na década de 1960, destacou-se o chamado "Ponte's Clube", em frente à Alameda Leontina Machado (ligação entre a Av. Paulo de Frontin e a Rua Santa Alexandrina e ocupada sómente por componentes da "familia Machado"), mais tarde substituído pela Turma da Ponte que se reunia todas as noites na ponte em frente ao Clube Ibéria. Havia ainda as residências das famílias Born e Casás, que recebiam a todos com muito carinho. Na época das festas juninas o esqueleto de prédio inacabado, atual Chácara Paulo de Frontin, servia para lançamento de balões de grande porte. O velho canal do Rio Comprido dividia as duas faixas da Avenida Paulo de Frontin. O prédio do Seminário São José, já extinto, bem como a Igreja de São Pedro, ajudavam a compor o local. Ainda nessa época, o bairro era servido por uma linha de bondes, cujo ponto final se localizava na parte alta da Rua Santa Alexandrina, e por uma linha de ônibus, a 616 rio (Rio Comprido -Usina) , ambas desaparecidas.

No final dos anos 50, vale mencionar ainda a presença das linhas de lotação, que faziam os trajetos Santa Alexandrina para a zona sul e famosos por descerem a Avenida Paulo de Frontin em grande velocidade.

Foi uma época maravilhosa. Entretanto, com a abertura do Túnel Rebouças (1967) e a construção do Elevado Paulo de Frontin, a Av. Paulo de Frontin transformou-se numa passagem entre as zonas norte e sul da cidade e os tradicionais moradores mudaram-se, registrando-se uma acentuada queda no índice de qualidade de vida do bairro, atualmente cercado por favelas como o Turano, o Fogueteiro, o Querosene e o Complexo Paula Ramos, marcadas pela violência e pela exclusão social.

No bairro encontra-se o Campus Rebouças da Universidade Estácio de Sá (o maior e principal da universidade), o "Campus Rio Comprido" da Unicarioca e a escola Fundação Osório, parte integrante do Sistema de Colégios Militares do Brasil. Sem esquecer claro do Cap, colégio de aplicação da uerj que encontra-se na rua santa alexandrina.

Fonte : Wikipedia

Palácio Monroe




Palácio Monroe

Toda cidade possui suas próprias histórias. Histórias tristes e alegres, algumas eternas e outras incompletas. O Rio de Janeiro e suas ruas – “ruas com almas”, como falava João do Rio – também possui as suas. Uma em especial toca fundo o coração do carioca e do brasileiro: a do Palácio Monroe.

O Palácio Monroe foi um importante edifício que entre 1906 e 1976 reinou absoluto como uma das mais belas e imponentes construções da Cinelândia, região central do Rio de Janeiro.

Sua história começa em 1903, quando o Brasil se preparava para participar da Exposição de Saint-Louis, nos Estados Unidos, que aconteceria no ano seguinte. A obra seria o Pavilhão do Brasil no evento, devendo enquanto tal “ter aproveitada toda a estrutura, de modo a poder-se reconstruí-lo nesta Capital”, conforme exigia a cláusula 1ª do Aviso nº 148, datada de 3 de julho de 1903.

A obra foi concebida pelo então arquiteto e engenheiro militar, o Coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar. Construída com uma estrutura metálica desmontável, a obra foi erguida e exposta em Saint-Louis, como previsto. Sua beleza logo conquistou a imprensa norte-americana, que destacou sua harmonia de linhas e qualidade do espaço. Tanto chamou a atenção no evento, que acbou premiada com a medalha de outro no Grande Prêmio de Arquitetura, o maior do gênero naquela época. Foi o primeiro reconhecimento internacional de uma obra arquitetônica brasileira.

Os prêmios e elogios conferiam orgulho a então capital do Brasil, que naquele início de século esforçava-se para mudar sua imagem de capital suja, caótica, violenta e desordenada, até então predominante no imaginário internacional. Com a ajuda do prefeito da cidade Pereira Passos , o então presidente (1902-1906) do Brasil, Rodrigues Alves, estava empenhado no projeto de modernização da capital, o que incluida sua urbanização e higienização completa. Becos foram demolidos, ruas alargadas e prédios levantados.

Tudo isso fazia parte da montagem do imaginário da ainda incipente República brasileira. De acordo com o historiador José Murilo de Carvalho, “a elaboração de um imaginário é parte integrante da legitimação de qualquer regime político. É por meio do imaginário que se podem atingir não só a cabeça, mas de modo especial, o coração, isto é, as aspirações, os medos e as esperanças de um povo. É nele que as sociedades definem suas identidades e objetivos, definem seus inimigos, organizam seu passado, presente e futuro.”

Na ocasião da entrega das medalhas e diplomas Conferidos aos Espositores Brasileiros em Saint-Louis, o político brasileiro Alcindo Guanabara declarou:

“Esta festa é ainda a solenização de um princípio político vitorioso. A República havia, é certo, triunfado das agitações e das lutas intestinais; havia, com muito maior facilidade do que a Regência, dominado a desordem nos espíritos, tantas vezes traduzida em movimentos armados; havia saído vitoriosa da prova dificílima da reorganização financeira, graças à dedicação sobre sua capacidade para gerir os destinos desta grande nação e encaminhar o seu povo para a prosperidade, para a grandeza, para o regresso que a parte do globo que ele habita lhe impõe, essa, a República só a deu na Exposição de São Luiz. Foi um prodígio e uma maravilha para o Brasil essa exposição.”

O Palácio brasileiro apresentado em Saint Luis, em breve, faria parte significativa do imaginário brasileiro. Desmontado após o evento nos EUA, a estrutura foi trazida para o Brasil e montada na capital, a fim de sedir a Terceira Conferência Pan-Americana. Seguindo sugestão de Joaquim Nabuco – jurista e diplomata brasileiro – o ministro das relações exteriores do páis, o Barão do Rio Branco, propôs que o Palácio de Saint-Louis fosse dado o nome de Palácio Monroe, uma homenagem ao presidente norte-americano James Monroe, criador do Pan-americanismo.

O nome pegou e a construção foi erguida na região da cinelândia, coração do Rio de Janeiro. Em sua inauguração, a cidade viveu momentos festivos, recebendo, inclusive, a vistia do presidente americano Theodore Roosevelt.

Até 1914, o Palácio Monroe foi apenas um Pavilhão de Exposição. Mas a partir deste ano, ele ganha uma função mais importante: passa a ser a sede provisória da Câmara dos Deputados, enquanto o Palácio Tiradentes era construído. Em 1922, com o fim das obras, e comemorando o primeiro centenário da independência, o Palácio Monroe passa a ser a sede do Senado Federal. O edifício teve esta funcionalidade até 1960, quando a capital foi transferida para Brasília. Sua presença fascinava os moradores do Rio de Janeiro e seus visitantes. Foi palco de diversas desavenças políticas, como, por exemplo, o período do Estado Novo (1937-1945), quando o Senado fora dissolvido por Getúlio Vargas. O Palácio Monroe instalara-se como símbolo da República, parte quase natural do cenário da cidade. Sua imagem estava em selos e cartões postais da cidade. O lugar no imaginário carioca e brasileiro havia sido conquistado.

A construção se destacava por suas dimensões e estética. Tratava-se de 1700 metros quadrados, ampliados nos anos de 1950. Os elementos de sua composição arquitetônica reuniam uma linguagem geral do ecletismo, num híbrido entre o liberal e outras vertentes arquitetônicas que marcaram época no Brasil.

O começo do fim

Nos anos de 1960, o palácio – que ainda guardava seu prestígio e glamour junto à sociedade – passou a ser a casa do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), instituição de respeito, principalmente naquela época, em que os militares acabavam de tomar o poder no país.

Por volta de 1970, tem início um movimento de preservação histórico cultural da cidade. Vários edifícios da Avenida Rio Branco, na cidade do Rio, entraram com pedidos de tombamento federal, a maior parte negada pelo IPHAN, o que fora conseguido apenas no âmbito estadual. O Palácio Monroe era um dos que pediam a proteção arquitetônica. Diversos casos transformaram-se em uma verdadeira batalha judicial naqueles anos.

Neste momento, começava também uma vasta obra do Metrô da cidade. As obras faziam de tudo para desviar das fundações do Palácio. E isso fazia com que o cronograma do Metrô atrasasse. O Governo Estadual, pressionado por setores da sociedade, decreta a demolição do Palácio Monroe. Neste momento havia uma grande campanha de mobilização pró-demolição no país, reunindo arquitetos modernistas como Lúcio Costa e instituições como o jornal OGLOBO, que atacava o palácio veementemente em seus editoriais. Aqueles que eram contra o Palácio alegavam, dentre outras coisas, que ele atrapalhava o trânsito. A campanha também foi abraçada pelo então presidente Ernesto Geisel, que alegava - há alguns anos - que o Palácio prejudicava a visão do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, localizado no Aterro do Flamengo.

O assunto mobilizou e comoveu o país. Cento e sessenta e dois arquitetos, engenheiros e críticos de arte divulgaram um manifesto contra a demolição do palácio, embora soubessem que haveria pouca esperança. ''Desejamos apenas firmar perante nossos sucessores que a demolição do Monroe provocou advertência e veemente apelo para que fosse evitada a destruição de um edifício que, além da significação histórica, integra o patrimônio arquitetural representativo do implante da república em nosso país'', diz a abertura do manifesto. Além dos famosos e especialistas no tema, a opinião pública também se dividia. E isso era observado na seção de carta dos leitores, em jornais como OGlobo e Jornal do Brasil. Se no início de século o Palácio Monroe era símbolo da modernização brasileira, setenta anos depois sua demolição era proclamada em nome de um novo modelo de modernização.

Como era previsível, o grupo que defendia a demolição do Palácio saiu vitorioso. Em 11 de outubro de 1975, o Presidente Ernesto Geisel autorizou o Patrimônio da União a providenciar a demolição do Palácio Monroe. As toneladas de areia, metal e concreto do Palácio Monroe vieram abaixo em 1976. E seu lugar foi construído um chafariz que, apesar de monumental, não teve o mesmo sucesso da obra que o antecedeu. No mesmo ano, as obras do metrô foram concluídas, e toda vez que se fala na demolição do já mítico Palácio Monroe, o Metrô é citado como o estopim do caso. Pelo menos é isso o que consta na memória coletiva. Na verdade, os responsáveis pelo metrô sempre tentaram fazer de tudo para preservar o Palácio. No fim, foi até com grande frustração que os técnicos da Companhia viram a demolição, já que seus sacrifícios em desvios e adaptações tinham sido em vão.

Hoje, muitas gerações nunca ouviram falar no Palácio Monroe. Mas para aqueles que o conheceram, sua memória continua viva, representando parte da alma de um Rio de Janeiro que, apesar das demolições, físicas e simbólicas, ainda continua lindo, povoando o imaginário de toda uma nação.

Fonte: www.cafehistoria.ning.com

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Passeio Público



O Passeio Público de Mestre Valentim

Mestre Valentim (ca.1745 - 1813) é um dos únicos artistas em atividade no Rio de Janeiro entre o último quarto do século XVIII e as primeiras décadas do XIX que se dedicam tanto à arte religiosa quanto à arte civil. Entre suas obras de saneamento e embelezamento da cidade, destaca-se o conjunto do Passeio Público. A obra é encomendada ao artista pelo vice-rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1740 - 1807), que em sua gestão na capital do vice-reino (1779-1790) decide transformar o Rio de Janeiro numa cidade mais atraente, confortável e moderna. Para isso, inspirado no iluminismo predominante em Portugal, sintetizado na figura de Pombal, promove diversas obras visando à civilidade, ao bem-estar, à higienização e à saúde pública.
A obra, iniciada em 1779, é concluída em 1783 e inaugurada em 1785, com o chafariz das Marrecas. Sua origem encontra-se nos jardins cortesãos europeus dos séculos XVI, XVII e XVIII, que eram utilizados como local de lazer e cerimoniais. Na época ter um jardim público numa cidade era sinônimo de bom gosto e luxo, revelando uma sociedade que domina a natureza pela razão. No caso do jardim carioca, ele é diretamente inspirado nos jardins aristocráticos do Palácio Real de Queluz, em Lisboa. Em geral, eles são formados de canteiros e aléias ordenados segundo traçado geométrico em organização extremamente simétrica. O eixo central é sempre terminado por um ponto de fuga, por exemplo, um esplêndido panorama que amplia a linha do horizonte de seus visitantes. Sua decoração é composta de obras escultóricas e arquitetônicas, representando símbolos antigos (obelisco, pirâmide, deus mitológico, templo) ou da natureza (fonte, cascata, chafariz, elementos talhados da flora e fauna locais).
Essas características encontram-se no Passeio Público de Valentim, embora seja importante frisar que o projeto inicial tenha sido bastante descaracterizado em sua reforma de 1864 pelo paisagista romântico Auguste François Marie Glaziou, e destituído ao longo dos anos de muitos de seus elementos construtivos e ornamentais (em 2004 o Passeio Público encontra-se fechado para restauração). O local escolhido para sua construção gozava de grande prestígio na época, tem como ponto de fuga a baía de Guanabara, um lugar ameno que recebia a brisa da tarde, e era considerada uma das paisagens mais bonitas da cidade. Estava limitado pelos morros de São Bento, ao norte (com o mosteiro e a igreja dos beneditinos), de Santo Antônio, ao sul (com o convento e as igrejas franciscanas), e do Castelo (da Sé, e do ex-colégio jesuíta). A leste está a baía de Guanabara e a oeste a rua da Vala (atual Uruguaiana), com duas saídas para o interior.
A planta segue um traçado em forma de hexágono irregular cortado por aléias, cuja principal reta conduz a vista diretamente para um largo terraço do qual se contempla a baía. Contudo, nota-se que o jardim não se abre para o espaço da comunidade: é circundado em seus três lados por muros que apresentam janelas com grades de ferro. Sua entrada é pela rua do Passeio, através de um imponente portal. Era utilizado pela elite social e aberto ao povo esporadicamente por ocasião de comemorações reais, como em 1786, nas festas comemorativas do casamento do príncipe D. João com a princesa Carlota Joaquina, realizado em Portugal.
Diversos estilos se encontram nos elementos decorativos criados pelo artista. O portal apresenta elementos retorcidos articulados em simetria originários do estilo barroco e pilastras jônicas encimadas por uma urna clássica, ao gosto renascentista; o portão de ferro fundido mostra uma decoração rococó, com volutas em curva e contracurva e rocalhas. No centro é colocada uma cartela cuja frente, para a rua, ostenta as armas reais, e no reverso, em direção à baía, um medalhão de bronze com os perfis da rainha D. Maria I e do rei D. Pedro III (arrancada durante a Regência, a cartela foi recolocada de forma invertida).
Diversos elementos escultóricos se destacam no interior do Passeio Público: as duas pirâmides de granito carioca com medalhões de pedra de lioz; a Fonte dos Amores, com jacarés de bronze entrelaçados; a Bica do Menino, com a escultura do cupido alado segurando um cágado vertendo água. Nos dois extremos do terraço erguem-se dois pavilhões com as figuras de Apolo e Mercúrio. A escolha da flora segue princípios essenciais para composição de jardins tropicais: árvores altas como mangueira, tamarineiro, jaqueira, jambeiro, palmeira, cedro, pinheiro etc., capazes de proteger com sua sombra ampla o visitante do clima excessivamente quente e ensolarado da capital tropical.

Bondes


O primeiro bonde circula na cidade.

Rio de Janeiro, 1868, 9 de outubro
A 9 de outubro de 1868 - foi numa sexta-feira esse grande dia da cidade – correu às 10 horas da manhã o primeiro bonde de burro: da rua dos Latoeiros (a Gonçalves Dias de hoje) para o largo do Machado. Dom Pedro II e a Imperatriz viajaram no primeiro carro, puxado com os demais, por uma parelha. Lotação: 30 passageiros. Em 1890 havia 90 carros em circulação e 1.300 burros estavam a serviço da população. Três anos era a média de vida de um burro.
Circula na América do Sul o primeiro bonde elétrico

Rio de Janeiro, 1892, 8 de outubro
A Companhia Jardim Botânico importou dos Estados Unidos o material necessário, e "a 8 de outubro de 1892, informa C. J. Dunlop, à 1 hora da tarde, teve lugar a inauguração da tração elétrica na sinuosa linha do Flamengo.
Assistiram ao ato o vice-presidente da República em exercício da Presidência, marechal Floriano Peixoto, seu Estado-Maior, o ministro da Marinha, almirante Custódio José de Melo, deputados, os intendentes municipais Silveira Lobo, Abdon Milanez, Siqueira de Menezes e França Leite, representantes de diversas classes sociais e da imprensa, os diretores da Companhia, barão Ribeiro de Almeida, comendador Malvino Reis e barão de Santa Leocádia e o gerente dr. Coelho Cintra.

Os três carros elétricos, únicos que os recursos concedidos permitiram adquirir, partiram, pouco depois das 13 horas, da curva do antigo Teatro Lírico [no largo da Carioca], subiram a rampa da rua Senador Dantas, com as lotações excedidas e, sem dificuldade, deslizaram suavemente e sob os aplausos do povo, pela rua do Passeio, cais da Lapa, Russell e Flamengo e, doze minutos depois, entravam nas oficinas da Companhia na rua Dois de Dezembro" (In Apontamentos para a história dos bondes no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Gráfica Laemmert, 1953, p. 193).

"A corrente elétrica nenhum perigo oferece aos srs. passageiros", era o aviso afixado nos espaldares dos assentos dos bondes porque, informa Dunlop, havia gente que tinha medo de viajar no bonde elétrico.

Bonsucesso

A época colonial

A área onde se integra o atual bairro, na época colonial estava compreendida no chamado Engenho da Pedra, cujas terras se estendiam até ao porto de Inhaúma, por onde era escoada a produção agrícola e de açúcar do recôncavo do Rio de Janeiro.

Em 1754, a dona das terras do engenho, Cecília Vieira de Bonsucesso, procedeu à reforma da capela de Santo António, que se erguia perto das instalações da moenda de cana-de-açúcar. A propriedade era conhecida, à época, como Engenho da Pedra de Bonsucesso.

A República velha

Ao final do século XIX, foi erguida uma capela em louvor a Nossa Senhora do Bonsucesso, num terreno no alto da rua Olga, doado por Adriano da Costa (1896). A imagem da santa foi desembarcada no porto e trazida em procissão solene, pelos fiéis, até ao novo santuário.

Por volta de 1914, o engenheiro Guilherme Maxwell, que adquirira as terras do antigo Engenho da Pedra, decidiu loteá-las e urbanizá-las. Sob influência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que nesse ínterim eclodira, decidiu batizar os logradouros que se abriam, com nomes que homenageassem os países aliados contra a Alemanha: a França, a Inglaterra, a Bélgica, a Itália e os Estados Unidos da América. Surgiram assim, respectivamente, a Praça das Nações e as avenidas Paris, Londres, Bruxelas, Roma e Nova Iorque.

Posteriormente, um membro da família Frontin, expandiu o bairro, loteando a área além da linha férrea da Leopoldina. Ainda sob influência da Primeira Guerra, abriu as ruas Clemenceau, marechal Foch e general Galieni. Saint-Hilaire e Humboldt, cientistas que exploraram o interior do Brasil no século XIX, também foram homenageados.

Praça das Nações

Reconhecida como logradouro em Outubro de 1918, foi construída em duas etapas:
a primeira, entre 1936-1937, sob a administração do então prefeito Pedro Ernesto.
a segunda, em 1948, sob a administração do então prefeito Mendes de Morais.
Em 1996 a praça foi inteiramente reformada, no âmbito do Projeto Rio Cidade, apresentando a atual configuração.

Os seus marcos mais expressivos são o Chafariz e o Monumento aos Expedicionários da Segunda Guerra Mundial.

O Chafariz, em ferro fundido, foi fabricado no Brasil, para a Exposição Nacional de 1908, pela Companhia Nacional de Fundição. É um conjunto composto por duas bacias, tendo ao centro uma coluna com diversos elementos ornamentais. No seu topo, uma figura feminina empunha um globo, para iluminar a praça.

O Monumento aos Expedicionários, uma homenagem dos moradores, tem o busto do marechal Mascarenhas de Morais, uma cena de combate e o nome dos pracinhas (apelido carinhoso dado aos combatentes brasileiros pela população à época do conflito) do bairro.

Aero Clube de Manguinhos


O Aeródromo de Manguinhos era o novo campo de aviação do Aeroclube do Brasil, que foi fundado em 1911, e na década de 30 foi autorizada pela esfera municipal e federal a utilização de parte do terreno de Manguinhos. Com o passar dos anos ele foi o principal Centro de Aperfeiçoamento de Instrutores e também foi Escola de Piloto de Recreio e Desporto. Na década de 40 vários departamentos foram criados lá, como o de pára-quedismo e o de aeromodelismo. Em 1949, o Departamento de Aeromodelismo foi transformado na Associação Carioca de Aeromodelismo (ACA) e construídas duas pistas circulares à margem da Avenida Brasil, além de instalações para sua Sede de Campo.Ao fundo podemos ver o castelo mourisco da Fundação Osvaldo Cruz.

Alfândega

No seu começo era apenas um Caminho que comunicava a Zona da Praia com a Lagoa da Sentinela, Posto de Vigilância contra os índios rebeldes que existia entre os Morros da Conceição e o de São Bento. Recebeu diversos nomes e em 1716, o de Rua da Alfândega, porque diante dela se estabelecera a Alfândega da cidade.
Nela morou o Governador Salvador de Sá e em 1682, o primeiro Bispo do Rio, D. Alarcão. Depois da Abertura dos Portos em 1808, nela se instalaram os comerciantes ingleses que chegaram a Brasil. Pouco antes da Proclamação da República, tornou-se a Rua das Agências Marítimas. A Rua da Alfândega talvez seja a única do Brasil que ostenta três Igrejas construídas no Século XVII: a de Santa Efigênia; a de Nossa Senhora Mãe dos Homens e a Irmandade de São Jorge, na sua esquina com a Praça da República.

Ouvidor




A origem da Rua do Ouvidor foi o acesso ao Trapiche de Ver o Peso do antigo Porto da cidade. Esta rua, que mereceu de Manuel Joaquim de Macedo um livro inteiro de memórias sentimentais, teve sucessivos nomes: Rua de Aleixo Manuel, Marcos da Costa, do Gadelha, do Barbalho, de Brás Luís, da Santa Cruz, da Quitanda, de Pedro da Costa, da Sé Nova, Moreira César. Só com a vinda da Família Real para o Brasil adquiriu luxo e importância, a ponto de vir a ser comparada com a Rua Viviene, de Paris. A abertura dos portos aumentou o comércio e levou à Rua do Ouvidor grande quantidade de comerciantes de todos os gêneros, entre os quais modistas, alfaiates, penteadores vindos de Paris. Em 1829 recebeu calçamento, sendo proibido o tráfego de veículos e foi calçada de paralelepípedos em 1857. Foi a primeira a receber a iluminação a gás, em 1860, substituindo a de azeite feita em 1854, e em 1891 recebeu a iluminação elétrica.
Rua dos jornais, nela se instalaram o Jornal do Commercio, A Nação, o Diário de Notícias, O País, a Gazeta de Notícias, o Correio da Manhã, A Notícia, a Reforma, A República, A Folha Popular, A Imprensa, as revistas Semana Esportiva e O Malho - o que por si só a tornaria uma rua histórica e registradora de acontecimentos históricos. Numa de suas pensões, hospedou-se Tiradentes, vindo ao Rio para conspirar; noutra, o Duque de Caxias, em plena glória. Carlos Gomes escolheu como seus locais de preferência as confeitarias Castelões e Pascoal, que seriam também os locais de encontros vespertinos de Olavo Bilac, Emílio de Menezes e outros boêmios que desfilam no romance A Conquista de Coelho Neto.
Na Rua do Ouvidor ficavam: a Casa Edilson, onde Fred Figner inaugurou a indústria de discos fonográficos; as joalherias Gondolo e Laboriau; a firma Guinle & Cia.; a Casa Clark, de calçados, que data de 1822; a extinta Loja América e China e o Café Londres que foi depredado pelo povo quando a Inglaterra ocupou a Ilha de Trindade. Nela as donas de casa foram ver as primeiras máquinas de costura Singer, lançadas no Rio em 1851. A papelaria do casal Bouvoir, depois adquirida pelo suiço George Leuzinger, marca a criação da impressão a cores no Rio, devida aos alemães Bollemberg e Hulomann e ao brasileiro Paradela; a fotografia ali se introduziu com o exilado socialista Harrow Harring, sete vezes condenado à morte na Europa, e com o português Insley Pacheco, a quem se deve a introdução da fotografia sobre papel. Nessa casa impressora e fotográfica, se instalaram Charles Ribeyrolles e outros adversários de Napoleão III.
Um cearense, Lauro de Carvalho, abriu na Rua do Ouvidor a Camisaria Especial, de onde nasceriam as casas A Exposição e A Capital. As casas Almeida Rabelo e Raulnier ditavam a moda masculina; a loja de Duvivier vendia quinquilharias; o francês Mandel consertava candeeiros. Na casa o Rei dos Mágicos, no número 116, seu dono, Antônio Ribeiro Chaves, depois de ler numa revista francesa a invenção de Alexandre Graham Bell, criou um "telefone brasileiro" que prestou serviços com suas ligações entre o Jornal do Commercio e o Corpo de Bombeiros. Ao instalar-se no Rio a Companhia Telefônica Brasileira, com capitais americanos, os telefones de Antônio Ribeiro Chaves ainda resistiram. O Jockey Club e a Associação dos Empregados no Comércio nasceram na Rua do Ouvidor; as editoras Laemmert, Garnier, Francisco Alves, a Livraria Crashley, de livros em inglês, ali se situavam; nela instalou-se também Paschoal Segreto com o primeiro cinematógrafo.
O nome Ouvidor surgiu naturalmente, adotado pelo povo, como conseqüência do fato de nessa rua ter moradia, próximo à esquina com a Rua da Quitanda, o Ouvidor Dr. Manuel Pena de Mesquita Pinto. A partir daí os nomes antigos começaram a desaparecer, substituídos pelo nome popular, definitivo - Rua do Ouvidor. É verdade que mais tarde o governo, pretendendo homenagear o comandante da terceira expedição contra Antônio Conselheiro, morto em Canudos, mudou o nome da Rua do Ouvidor para Coronel Moreira César, o que, entretanto, não vingou.

Morro do Castelo


A história do Morro do Castelo começa no século 16, quando a cidade se mudou do Morro Cara de Cão. A mudança ocorreu em 1567, dois anos depois da sua fundação, quando os 120 portugueses, comandados por Mem de Sá, derrotaram os franceses, comandados por Nicolau Durand de Villegaignon.
A mudança foi necessária porque o Cara de Cão era pequeno para abrigar tanta gente. O Morro do Castelo foi escolhido por razões de segurança. Os portugueses tinham o costume de construir vilarejos em pontos elevados e o Morro do Castelo era uma das quatro colinas existentes no Centro do Rio. Além do Castelo, havia os morros de Santo Antônio, São Bento e da Conceição. Do Castelo tinha-se uma visão privilegiada de boa parte da Baía de Guanabara, o que facilitava a defesa. Além disso, era cercado por lagoas e manguezais, que dificultavam um ataque. Os índios Tamoios, pouco dóceis e inimigos naturais dos portugueses, tinham medo das colinas, pois as associavam a coisas demoníacas. Finalmente, a inclinação do morro favorecia o escoamento dos detritos. Naquela época, como atualmente em algumas favelas, jogava-se lixo na rua e a chuva tratava de levá-lo encosta abaixo.

Assim nasceu a cidade, com cerca de 600 pessoas, entre elas os fundadores que vieram com Estácio e Mem de Sá, jesuítas, índios catequizados, alguns franceses e umas poucas mulheres. Esses pioneiros ocupavam os 184 mil metros quadrados da colina, com limites nas atuais Rua São José, Santa Luzia, México e Largo da Misericórdia.


A ORIGEM DO NOME "CASTELO"
De início, logo no primeiro ano de ocupação, o morro ganhou suas primeiras construções. Em 1567 foi erguido o Forte de São Januário, rebatizado mais tarde de São Sebastião. Ficava na parte posterior do morro e foi feito, como as demais construções, de pedra e óleo de baleia. As paredes internas tinham um metro de espessura e sua aparência era a de um castelo, daí o nome do lugar. Meses antes o Morro do Castelo chegou a ser chamado de "Morro do Descanço".

Em seguida foi construída a Igreja de São Sebastião, o primeiro templo do Rio, que se assemelhava a uma fortaleza. Tinha duas torres sineiras, usadas na vigilância da costa.

No Morro do Castelo foram construídos o primeiro sobrado da cidade, a Casa de Câmara e a Cadeia. A Igreja e o Colégio dos Jesuítas exerceram intensa atividade no Castelo até a expulsão dos padres desta Ordem pelo Marquês de Pombal, em 1759. Com a saída dos religiosos o colégio virou Palácio São Sebastião, depois hospital militar e, em 1877, hospital infantil São Zacarias.

As dificuldades do dia-a-dia não compensavam a segurança do isolamento. Assim, a nobreza carioca do século 16 desceu a ladeira, a Ladeira da Misericórdia, que era o único acesso ao Morro no início da sua ocupação. Da Rua da Misericórdia, a mais antiga do Rio, sobrou apenas uma via sem saída, com 40 metros e calçamento pé-de-moleque do século 17, no Largo da Misericórdia, que poucos cariocas reverenciam em meio ao corre-corre e a agitação do Centro.

Foi pela Ladeira da Misericórdia que a elite desceu os 64 metros do Morro do Castelo e seguiu em direção à várzea, a partir de 1570. Apenas o pessoal menos favorecido, principalmente pescadores, permaneceu no alto do morro, pois não foi contemplado com a distribuição de sesmarias, terras doadas pelo governador-geral, em nome da Coroa Portuguesa.

Com a mudança, veio a decadência e o local ficou marginalizado, evitado pelos cariocas. Com as obras que mudaram o centro da cidade no início do século passado, muitas famílias desalojadas encontraram abrigo no Morro do Castelo. Mas isso só duraria até 1922, quando o Prefeito do Distrito Federal, engenheiro Carlos Sampaio, decretou o fim do morro. Foram muitas as justificativas, entre elas a falta de espaço para abrigar a exposição comemorativa do centenário da Independência. Diziam, também, que o Morro do Castelo prejudicava a ventilação da área central da cidade. Assim, com jatos d'água, motores elétricos e máquinas a vapor, acabaram com o berço da cidade.

Mesmo tendo o Rio um milhão e duzentos mil habitantes coube a um paulista, Monteiro Lobato, reagir contra a obra. Foram demolidos 300 imóveis e retirados 66 mil metros cúbicos de terra. A população foi removida para os subúrbios e os principais objetos de valor, como o marco inaugural da cidade, pinturas e esculturas do século 17, transferidos para vários pontos da cidade. No Colégio Santo Inácio estão as imagens do Cristo Crucificado, de João Evangelista e da Virgem Maria, além da Porta Principal da antiga Igreja dos Jesuítas. Na Igreja dos Capuchinhos estão o Marco Inaugural e túmulo de Estácio de Sá.

A terra retirada do Castelo foi usada para aterrar parte da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, área do Jóquei Clube, e muitas áreas da baía de Guanabara. Vale lembrar que a Rua Santa Luzia, onde estão a Igreja de Santa Luzia e a Santa Casa de Misericórdia, ficava junto ao mar.


Fonte: www.almacarioca.com.br

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Igreja da Penha


Igreja de Nossa Senhora da Penha

Destaca-se pela devoção popular , difundida em quase todo país, e pela original localização, num penhasco bastante alto e de pura pedra, fazendo com que seja avistada a quilômetros de distância.
Foi construída em 1635, como igrejinha simples e rústica, pelo capitão Baltazar de Abreu Cardoso, em terras de sua propriedade. Em 1728,a confraria foi transformada em Venerável Irmandade de N.S da Penha de França.
Obras foram feitas para a ampliação, especialmente a escadaria, para dar mais segurança a quem subia a imensa rocha. Objeto hoje de lendas, e local de pagamento de promessas, a agora famosa escadaria tem 365 degraus abertos na rocha-viva e há os devotos que sobem de joelhos em penitência.
O interior da igreja denota simplicidade, tendo apenas um altar na capela-mor onde está a imagem da padroeira. Ao fundo pode-se ver o antigo altar da primeira ermida com a imagem de N.S do Rosário. O templo tem duas torres, com carrilhão vindo de Portugal.
Atualmente a igreja é centro de grandes romarias, sobretudo no mês de outubro, dedicado á devoção da santa. Existe no local a Casa dos Romeiros e uma grande sala das promessas, com ex-votos e grande número de objetos

Padre Eterno

O maior galeão do mundo

Salvador Correia de Sá e Benevides demonstrou sua capacidade de liderança ao construir, na ilha do Governador, o maior galeão do mundo na época, o "Padre Eterno", com 53 metros de comprimento e 2 mil toneladas, preparado para receber 144 canhões e com um mastro feito de um único tronco, com quase 3 metros de circunferência na base. As madeiras ele fez vir da ilha Grande, distante quase cem quilômetros, e trouxe técnicos europeus para orientar seus carpinteiros índios. Em sua primeira viagem, em 1665, o navio assombrou tanto governantes portugueses como espiões estrangeiros. Luiz Felipe de Alencastro o chama de "Titanic da Revolução Comercial", porque acabou também vencido pelo oceano, afundando no Índico alguns anos depois. "Salvador de Sá tinha a pretensão de enfrentar corsários e tempestades, sem ser pautado pelas frotas régias: os mares se convertiam num território só, num único mercado dominado pela onipotência do grande galeão fluminense."

Candelária


A Igreja da Candelária nasceu de uma promessa feita por um casal de espanhóis, para que seu navio chegasse a salvo de um naufrágio. O juramento consistia em erguer uma igreja em homenagem à Nossa Senhora da Candelária na primeira terra em que aportasse.

O espanhol Antonio Martins Palma e sua esposa, durante a tempestade em que seu navio correu sério risco de naufrágio, prometeram erguer um templo a Nossa Senhora da Candelária no primeiro porto a que conseguissem chegar vivos. Chegaram a salvo ao Rio de Janeiro, onde cumpriram sua promessa construindo uma capela de frente para o mar. Essa capela, original, foi reconstruída em 1710.

Em 1755 essa igreja foi demolida, pois o Marquês do Lavradio apoiou a idéia do bispo D. José Joaquim Justiniano Castelo Branco de ali construir outra igreja, maior e mais imponente.

A nova igreja, projetada por João Francisco Roscio, foi benta sòmente em 1811, na presença do Príncipe Regente D. João. Sua cúpula foi objeto de grandes controvérsias arquitetônicas e só ficou pronta em 1877, de acordo com projeto de Gustavo Weschneldt - que veio a ser alterado por Daniel Pedro Ferro Cardoso.

Ela apresenta fachada barroca e interior neo-clássico, como conseqüência do enorme tempo gasto em sua construção. As portas em bronze do português Teixeira Lopes só foram instaladas em sua fachada principal em 1901, pelo engenheiro Paula Freitas. O interior da construção ostenta grande quantidade de mármore de Carrara (branco) e mármore de Verona (rosa).

Olhando-se para o altar-mor pode-se também ver o altar do Santíssimo (à sua esquerda) e o altar de Nossa Senhora das Dores (à sua direita). A cúpula é adornada por 8 estátuas de mármore branco esculpidas em Lisboa por José Cesário de Sales: São Mateus, A Religião, São Marcos, A Caridade, São João Evangelista, A Fé, São Lucas e A Esperança.

O pintor João Zeferino da Costa é o responsável por 6 grandes painéis no teto da nave principal, narrando a origem da Igreja, e pelas pinturas das sancas, retratando os profetas Jessié, Davi, Isaías e Salomão.

Mosteiro de São Bento

O Mosteiro de São Bento foi construído pelos Beneditos (1617-1669) e é um marco do barroco brasileiro. Ele foi erguido pelos monges Beneditos. Seu interior é rico e magnífico. Destaque para as grades de jacarandá feitas por Frei Domingos da Conceição entre 1698 e 1706 e os painéis da capela principal, pintados entre 1663 e 1700. Aos domingos realiza-se uma famosa missa acompanhada pelo canto gregoriano dos monges beneditinos. Para assisti-la, é aconselhável chegar com 30 minutos de antecedência. Rua D. Gerardo 68, Centro (2a/6a: 7h-11h e 14h30-18h / sábado a partir de 7h15 e domingo a partir de 8h15)