sexta-feira, 27 de junho de 2008

Morro do Castelo


A história do Morro do Castelo começa no século 16, quando a cidade se mudou do Morro Cara de Cão. A mudança ocorreu em 1567, dois anos depois da sua fundação, quando os 120 portugueses, comandados por Mem de Sá, derrotaram os franceses, comandados por Nicolau Durand de Villegaignon.
A mudança foi necessária porque o Cara de Cão era pequeno para abrigar tanta gente. O Morro do Castelo foi escolhido por razões de segurança. Os portugueses tinham o costume de construir vilarejos em pontos elevados e o Morro do Castelo era uma das quatro colinas existentes no Centro do Rio. Além do Castelo, havia os morros de Santo Antônio, São Bento e da Conceição. Do Castelo tinha-se uma visão privilegiada de boa parte da Baía de Guanabara, o que facilitava a defesa. Além disso, era cercado por lagoas e manguezais, que dificultavam um ataque. Os índios Tamoios, pouco dóceis e inimigos naturais dos portugueses, tinham medo das colinas, pois as associavam a coisas demoníacas. Finalmente, a inclinação do morro favorecia o escoamento dos detritos. Naquela época, como atualmente em algumas favelas, jogava-se lixo na rua e a chuva tratava de levá-lo encosta abaixo.

Assim nasceu a cidade, com cerca de 600 pessoas, entre elas os fundadores que vieram com Estácio e Mem de Sá, jesuítas, índios catequizados, alguns franceses e umas poucas mulheres. Esses pioneiros ocupavam os 184 mil metros quadrados da colina, com limites nas atuais Rua São José, Santa Luzia, México e Largo da Misericórdia.


A ORIGEM DO NOME "CASTELO"
De início, logo no primeiro ano de ocupação, o morro ganhou suas primeiras construções. Em 1567 foi erguido o Forte de São Januário, rebatizado mais tarde de São Sebastião. Ficava na parte posterior do morro e foi feito, como as demais construções, de pedra e óleo de baleia. As paredes internas tinham um metro de espessura e sua aparência era a de um castelo, daí o nome do lugar. Meses antes o Morro do Castelo chegou a ser chamado de "Morro do Descanço".

Em seguida foi construída a Igreja de São Sebastião, o primeiro templo do Rio, que se assemelhava a uma fortaleza. Tinha duas torres sineiras, usadas na vigilância da costa.

No Morro do Castelo foram construídos o primeiro sobrado da cidade, a Casa de Câmara e a Cadeia. A Igreja e o Colégio dos Jesuítas exerceram intensa atividade no Castelo até a expulsão dos padres desta Ordem pelo Marquês de Pombal, em 1759. Com a saída dos religiosos o colégio virou Palácio São Sebastião, depois hospital militar e, em 1877, hospital infantil São Zacarias.

As dificuldades do dia-a-dia não compensavam a segurança do isolamento. Assim, a nobreza carioca do século 16 desceu a ladeira, a Ladeira da Misericórdia, que era o único acesso ao Morro no início da sua ocupação. Da Rua da Misericórdia, a mais antiga do Rio, sobrou apenas uma via sem saída, com 40 metros e calçamento pé-de-moleque do século 17, no Largo da Misericórdia, que poucos cariocas reverenciam em meio ao corre-corre e a agitação do Centro.

Foi pela Ladeira da Misericórdia que a elite desceu os 64 metros do Morro do Castelo e seguiu em direção à várzea, a partir de 1570. Apenas o pessoal menos favorecido, principalmente pescadores, permaneceu no alto do morro, pois não foi contemplado com a distribuição de sesmarias, terras doadas pelo governador-geral, em nome da Coroa Portuguesa.

Com a mudança, veio a decadência e o local ficou marginalizado, evitado pelos cariocas. Com as obras que mudaram o centro da cidade no início do século passado, muitas famílias desalojadas encontraram abrigo no Morro do Castelo. Mas isso só duraria até 1922, quando o Prefeito do Distrito Federal, engenheiro Carlos Sampaio, decretou o fim do morro. Foram muitas as justificativas, entre elas a falta de espaço para abrigar a exposição comemorativa do centenário da Independência. Diziam, também, que o Morro do Castelo prejudicava a ventilação da área central da cidade. Assim, com jatos d'água, motores elétricos e máquinas a vapor, acabaram com o berço da cidade.

Mesmo tendo o Rio um milhão e duzentos mil habitantes coube a um paulista, Monteiro Lobato, reagir contra a obra. Foram demolidos 300 imóveis e retirados 66 mil metros cúbicos de terra. A população foi removida para os subúrbios e os principais objetos de valor, como o marco inaugural da cidade, pinturas e esculturas do século 17, transferidos para vários pontos da cidade. No Colégio Santo Inácio estão as imagens do Cristo Crucificado, de João Evangelista e da Virgem Maria, além da Porta Principal da antiga Igreja dos Jesuítas. Na Igreja dos Capuchinhos estão o Marco Inaugural e túmulo de Estácio de Sá.

A terra retirada do Castelo foi usada para aterrar parte da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, área do Jóquei Clube, e muitas áreas da baía de Guanabara. Vale lembrar que a Rua Santa Luzia, onde estão a Igreja de Santa Luzia e a Santa Casa de Misericórdia, ficava junto ao mar.


Fonte: www.almacarioca.com.br

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